segunda-feira, abril 05, 2010

PRESSA!

Num dia de sol vagabundo, a arma foi disparada. A bala enferrujada enfiada dentro mim, ainda se aloja no conforto e quietude das entranhas tão envermelhecidas e arrasadas. Escorre uma dor pasma-explodida sem fim, chamando por um cessar. Meu sangue se incinera, enquanto uma expectativa estúpida se alastra por todo ele, entupindo minhas veias. Meus olhos já reclamam. A bala se espatifa em 46 pedaços. A lágrima cai... cai com uma alegria voraz por deixar esse corpo nervoso em que já vivia uma pressa homicida que lhe sequestrara. Há três semanas, me arrebatam sucessivos ataques exaustivamente deleteriosos. As penicilinas são nulas. Os golpes me defenestram. A resistência é baixa. Vou procurando num canto aqui, ali, no mesmo sol astuto de cada uma cura de aluguel.