Fausto tinha o ímpeto
da loucura desmedida;
Eu definho na covardia
da normalidade.
O tempo foi passando e ficando mais difícil até que chegou o momento em que precisei fechar o olho e me entregar ao que me puxava, talvez sabendo que seria a única forma de por um instante não ter a cabeça metralhada por esse monte de pensamento autoimune que me enche o saco há séculos.
Naquele momento, todos os meus regozijos e síndromes se misturaram, ora parecendo uma erosão violenta que sai arrastando o que encontra e se revira na própria inconsciência, ora parecendo uma pistola disparada em que o fogo se espalha e, mesmo sabendo que não vai dar em nada, se entrega.
Só tem trinta e três minutos mesmo que estou aqui?
É que apresento um cansaço descomunal. Trinta e três já é um número grande por natureza e só de pensar já fico mais cansado e ofegante. É justamente esse tempo (gigante) que me assusta, sabe. Aliás, o tempo assusta e é violento, mesmo pra mim que nunca tive medo de nada. O tempo assusta e é violento princialmente para quem o percebe demais, para quem consegue acompanhá-lo. Me falaram que o tempo tem que ser esquecido, mas como é que se esquece do tempo?
Tudo que havia para ser revirado dentro de mim, foi revirado. E sempre que me reviro ou sou revirado, as coisas não acabam ou se acalmam, tampouco demoram 365 dias ou 4 minutos pra acontecer outra vez. Tudo volta a acontecer em frações mínimas de tempo depois. Agora, provavelmente, já pode estar começando a borbulhar outro estouro e vindo num vulto ascendente, me comendo de baixo pra cima. Quero dizer que as coisas de qualquer natureza precisam cessar um pouco para mim.
Com a cabeça praticamente toda entregue, penso que não sei se consigo justificar minha vida e dar rédeas a ela. Talvez seja por isso que não consiga construir nada e ter minha própria história. Às vezes é que tão difícil que fico em dúvida e não sei se leio o Manifesto Surrealista ou a Bíblia. Gosto de fazer desafios comigo mesmo. Minha única intenção é destruir a mim mesmo.
Neste momento, tenho uma vontade de sair por aí pelo mundo e praticar o que os nativos de língua inglesa descrevem com o bonito nome de wanderlust. Sabe, venho percebendo como alguns conseguem naturalmente realizar acontecimentos de forma mais simples, enquanto outros precisam de um tempo mais extensivo para fazê-lo, não porque não tentam ou não sabem, mas porque a naturalidade de ser deste segundo tipo de pessoa é mais lenta. Se pudesse dizer alguma coisa agora, eu diria: tenha paciência com elas.
Eu estou aqui parado, com a wanderlust me batendo e a coragem indo no ritmo de uma força humana. Este foi o pensamento que venceu a batalha com todos os outros. É que meus pensamentos acontecem assim, deixa eu explicar: há uma torrente deles, como um fluxo de porra cheio de espermatozoide. Só um vence e é ele que fode com tudo. E o mundo é isso mesmo, essa coisa embolada, distópica, doentia e seletivamente natural.
Parei de tomar meus remédios pro corpo. Deve ser por isso que vim parar aqui.