domingo, fevereiro 23, 2014

APENAS UMA PROSA DE DOMINGO!

Sempre tive tanta dificuldade de lidar com o instante, que tenho medo de me mexer e saber do que se trata o próximo. Então eu vim para esse lugar, onde eu me refugiei para ficar vivo e tentar escapar desse circuito interminável de almas que me habita e me obriga todos os dias a procurar um ar que parece não existir. É um lugar que não posso pronunciar, senão deixo de ser fiel a mim mesmo e termino voltando milhares de instantes, ficando pior do que estou. Mas não era assim até eu ter a consciência do thauma que me abateu e me cansa fazendo dar um suspiro seco por segundo. É esse thauma que hoje me dá a tristeza onde eu vivo, me refestelo e escrevo prosas e peças infinitas de sofrimento sobre um amor que não consigo reprimir - reprimir, porque não posso superar, já que superar exige assassinar o coração. Dentro destes instantes de repressão que passam enquanto escrevo, sinto o esforço que já fiz na busca pelo que chamam de felicidade, e percebo que a "infelicidade é mais sútil", como uma vez disse uma sábia ucraniana das palavras. Quando pensei nisso me espantei, mas logo conclui que infelicidade é apenas a falta de felicidade, é simples, como eu preciso ser e as coisas que se revelam ao redor também. Eu queria apenas falar: as palavras escritas precisam de liberdade. Falar toda a reprimenda que se instala nesse corpo do qual nada restará. Falar o juramento que fiz onde digo: juro, eu juro que tentei, mas o sentimento se sobrepôs a mim, me carregando para um estado onde só seria possível sair com a morte ou com o amor pleno que me preencheria de maneira tão doce que jamais desejaria mais nada. Perdão, mas o que é oferecido em troca do amor eu não posso aceitar, pois sou apenas um ser que ainda precisa de coragem pra atingir um momento de ser magnânimo. Minha penitência, então, é ter todas as almas que me habitam violentadas pela saudade e sedentas pela companhia desse sentimento que só se conhece uma vez nessa vida. Perdoe-me mais uma vez, é que eu precisava falar sobre essa aflição impetuosa que vive dentro de mim alimentada pela indiferença e pela rejeição. Vou ficando no silêncio mais uma vez, como se nada tivesse sido dito, indo para os aposentos da solidão - solidão de mão, solidão de corpo, solidão. Perdão. 

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

CONFISSÃO!

Subitamente senti meu coração bater arfante, quase ritmado por uma melodia que parecia ser a mistura de uma sinfonia dramática de Tchaikovsky com o assobio da infelicidade, à medida que, inconscientemente, chamava por um Deus que eu não sabia se me ouvia pra conter a tristeza que já insuportável tentava sair. E tentava sair porque eu não cabia ali e não deveria estar ali, onde era quase impossível ficar sereno. Os nervos naturalmente decrépitos convaleciam e meu sofrimento aumentava diante do inferno que era padecer dentro daquele lugar cruel. E era tudo tão forte que podia sentir minhas costelas sendo atacadas enquanto as entranhas se comprimiam e se expandiam. Eu não sabia se aquilo era o mundo ou se, na verdade, era a gênesis do mundo, onde todas as coisas eram nefastas, desorganizadas e estavam longe de serem compreendidas e amáveis, e dominada por seres vis. E eles insistiam em sentar ao meu lado, fazendo parecer que sua única fonte de energia era me causar todo o improprério que fosse possível. E eu só querendo a libertação da alma. Naquele momento, enquanto todo o pensamento já era a própria loucura, vomitei tudo o que era possível e comecei a definhar por um sufocamento que cresceu da indiferença que emanava de uma alma em particular. Nunca havia sentido a morte, mas eu queria mesmo morrer, bem ali, na frente de toda aquela cena sub-mundana pra que o corpo exalasse o cheiro de asco, dor e tristeza de uma só vez. Suavemente deixei as faculdades se perderem, os olhos se fecharem e a lágrima sair como um último pedido súbito de paz. 

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

ESGOTAMENTO!

Eu queria entender tudo de uma vez só: queria entender o mundo de uma vez só, queria entender a vida de uma vez só, como as coisas que não precisam de explicação, que nascem e terminam no silêncio. E não poder entender me causa tanta dor nas extremidades, que parece as chagas que foram feitas em Jesus Cristo. Talvez eu sofra pelo fato de algumas muitas vezes tentar atingir um estado de conhecimento-nirvana que só Ele nasceu incumbido. Mas eu não sei a hora de parar, e quanto mais distante do entendimento humano as respostas ficam, mais quero mergulhar, como se isso fizesse parte de uma aventura ou uma batalha entre "o que é" e "o que tenta ser". E nesse  pensamento doido, frenético insisto até o momento de quase esgotamento da alma. Esse meu pensamento vive dentro de um lugar que se parece com aqueles espaços sideriais de desenho animado e me deixa absorto esperando a hora de ser atingido por um vórtice e não precise mais querer nada. A fantasia que existe todos os dias é por motivo de sobrevivência, porque se deixar de existir, vou viver de que, se não vou poder suportar até o instante decisivo em que nunca mais precisarei me questionar? Eu: entendo nada.