sábado, abril 26, 2014

UMA VIDA DE PACIÊNCIA!

O cansaço que tenho vai além de uma explicação ou compreensão lógica, que nenhum humano sabe do que se trata, porque vivo e amo. "vivo e amo" é tão pouco som, mas tão pesado, que parece que morro e revivo num instante só quando pronuncio, ouço e sinto. Viver é cansativo. Amar é prejuízo. É um risco desmedido, mas o perigo faz parte da minha essência que é naturalmente autodestrutiva. Não dá para ser diferente. Me lembrei que quando a gente nasce, automaticamente já se entra num estado crítico de esperar, que independente da paciência de quem espera, se não for pra ter, não se vai ter o que se quer. Isso soa como um rumo forçoso à redenção por algo que não pode ser contrariado: destino. Redenção é aceitação que é destino. Somos um pouco descendentes do deuses do olimpo, que não tinham a mínima virtude da paciência. Eu também tenho pressa, pressa que urge de dentro da carne e acontece com uma vontade doentia. E aí eu preciso gritar, mesmo cansado, e preciso que a vida acabe. A verdade é que eu não queria vida nem amor pra mim. 

segunda-feira, abril 21, 2014

SENSIBILIDADE DEVORADA!

Tu, que também és vagante e sobrevivente dessa cidade escura e vicinalmente deprimente, devora toda minha sensibilidade como se fosse teu último ato até ficarmos em estado imutável de eutimia. Sou apenas um ser cheio de inconsequência que tem essa coisa de viver sempre prestes a saltar de um trampolim de dez metros de altura, caindo, se envolvendo, se afogando, recobrando a consciência, de novo. Arrasta-me para desbravarmos todos os becos escuros onde tensões de refulgiam. Arrasta-me escuro adentro que vou livrar-me do cansaço dessa lacuna da tua energia que sequer conhecia, mas que fantasiei e fantasiei - exatamente como ela é -, alimentando o corpo com uma lisergia perigosa mais uma vez. A vida se acaba rápido quando se tem medo, então corramos sem as amarras de quase desconhecidos. Consome-me sem que eu tenha tempo de respirar e dar-te-ei o prazer que só existe entre o que é infindo e verdadeiro, e que só habita aqueles nascidos para morrer de imaginação. Por que demoraste a aparecer? 

quarta-feira, abril 09, 2014

ATORDOAMENTO!


Sou o primogênito dileto da Materna Escuridão que
Jamais deixara-me pertencer a lugar nenhum,
Afastando poetas e ectoplasmas desvairados.

Agora, jaz o ser putrefato
Sucumbindo no mesmo feudo doente que
Fez o diabo vomitar e cair
Em sagrado sofrimento.

Escorre a forma...
E paira, etéreo e eterno,
O desolamento de uma praga nefasta e
O gozo de um fim convulsivo.

terça-feira, abril 08, 2014

DESPEDIDA!

"Eu te amo tanto como se estivesse dizendo adeus".
                                                        Clarice Lispector

Joga teu corpo no asco e
Livra-me depressa da carnificina que é
O esvaziamento.

Vê esta alma que
Em metástase pela desgraça
Idolatrou e amou tua aura sebosa, e
Agora seca no ar do limbo.

Enquanto refestelo-me na loucura,
O tempo não oferece mais nada,
Além de escrever,
Para a vida que morreu.