sábado, junho 16, 2012

O MONSTRO DA HORA SAGRADA!

Tive o coração tirado do lugar, e a goela atingida pelas vísceras que subiram e desceram num vulto impiedoso de susto. O corpo raso, ocupado pela violência do bom, ferveu como um inferno que mataria a essência de nós todos, e ansiou a vida não ser mais do que já é. Paralisado pelo peso nefasto do mundo, rasgou um ímpeto que detestou sua úvula. Não era brincadeira de criança, mas fora feito mole assim pra fingir. Dois terços cheio de água, vacilou. Vacilou, e tremeu, e foi forte pra que não caísse em vergonha diante de si. Não quis vociferar. Estamos, o corpo e eu, na beirada da canícula.

CARA GASTA!


Me escondi no escuro da tempestade por vir pra ocultar minha fragilidade e vulnerabilidade depois de ilustrar pro mundo a vida por dentro do ser. As entranhas que hoje pedem solidão, mas não a solidão de se estar sozinho como uma viúva sem pertencer, imploram um rombo de não sei quanto tempo pra se si, rogando a mim. Tenho só coragem de por as mãos usadas, enrugadas como velhas, sobressaltadas pela veias nervosas, na luz artificial que em poucas horas me consumirá. Ajo depressa pra não perder a cordialidade do dia, e adiantar a malignidade do dia seguinte. Será que é assim? Como bom filho de Deus, parte inconformada, parte obediente, aguardo o que acontecer ainda sem a plenitude de algumas horas.