sexta-feira, novembro 22, 2013

CHAMADO DA MORTE!

Suplico viver uma vida sem volta, onde a esqualidez do meu coração infeste e corroa o resto das minhas entranhas vagarosamente até que o sofrimento transforme-se numa paz mortal e torne-me ser infindável. Não há nada, apenas um corpo exangue que refestela-se sobre uma miríade de desalentos, cingindo-se por um rosário, e que ainda expele o fardo da loucura sufocada. Com o timo condicionado à miséria, as faculdades começam calmamente a serem substituídas por uma luz espectral, enquanto um livramento imensurável evola-se regozijante através do peito. O verdadeiro prazer instala-se e consome todas as dores oportunistas da matéria que destruíam esse corpo inerme sempre à espera do nirvana. A morte alegre veio e disse-me: "entrega-te". 

quarta-feira, novembro 06, 2013

SACRIFÍCIO!

Fechei os olhos numa entrega súbita e, desesperadamente, lancei-me a cavar na areia acaramelada da praia de Botafogo um buraco que não tinha fim, o que me deu vontade de chorar. Era do tamanho do amor que sinto por ti. Ali quase me enterrei para eternizar-me como o amante moribundo. Olhaste de longe com toda tua vaidade - a vaidade que seca e anula meu sentimentalismo - e viste o pranto derramado sobre aquele que, na verdade, seria o nosso amor, à medida que minha tristeza crescia e era fulminada pelo teu desprezo. Não intenciono que me desejes por misericórdia, apenas que sejas verdadeiro, assim como minhas entranhas o são. Enquanto dormes, e és mentiroso mesmo enquanto sonhas, estou sempre prestes a morrer, e a Terra promete acabar. Olha, perdi meu equilíbrio de mim. Estou misturando lágrima com suor, correndo e tombando para que jamais possas enfeitiçar-me outra vez. 

segunda-feira, novembro 04, 2013

O DIA EM QUE O TEMPO MORREU!

Quando falo de ti é tão íntimo, porque logo me encho de uma sensualidade pura, ascendente que não consigo controlar e que ninguém jamais entenderá. Então eu prefiro não falar nada. Neste silêncio, fecham-se os meus olhos e então penso em teu corpo escorado no meu, circundados por uma aura calma, produzindo uma sôfrega aleluia de alívio e uma paz de gozo eterno, enquanto meu coração esquálido ensaia que vai explodir em energia vital. Este caminho escuro que percorri depressa e arfante foi somente para chegar no sonho doido de nós dois; e nele o tempo morreu, e quando o tempo morre é uma dádiva mesmo, porque liberta da agonia de qualquer coisa e do medo de ser o que se é. É quando tu enlaças teus braços no meu horror mais infindo, mata o animal atroz que me persegue e faz de mim um ser real. Idolatro-te todos os dias como se fosse o primeiro dia da ilusão de estar vivo. Ama-me.