quarta-feira, agosto 18, 2010

DEPOIS!

Lola, meu bem, pra que o desespero? Seus sonhos são fartos, seu batom é vermelho; e os amores são falsos. Pra que amor? Pra que essa ilusão secular que Jane Austen lhe criou? Deite no chão, e não chore mais. Mais uma vez, ele vai querer te deixar. Não olhe pro teto. Tome um choque, sinta o vigor correr por toda você, ameaçar seu coração. Jamais lhe dê vontade própria. Beba água, e escreva uma carta pra Rimbaud. Lhe diga como se sente, mas não espere resposta. Ou espere. Você verá quantas vezes “amor” aparecerá, e lhe chocará. Se esqueça daquele que você pensou lhe amar. Daquele que fintou seu olhar. Daquele que lhe assegurou felicidade por pouco tempo. Daquele que lhe deu um beijo, e lhe congelou a alma por quase uma vida inteira.

terça-feira, agosto 17, 2010

E AGORA?

Um tapa na cara, e o resto das faíscas de uma noite de Julho. Me lembro da voz grossa que sussurava e, me chegava calma e quente aos ouvidos, como um desespero irrequieto bem guardado, todo jogado, bem alí, bem aqui. Cada poro que se abria, e me destinava a sensação fervorosa e pasma através de uma sinergia explosiva e inacreditável. Me atrevi a abrir os olhos, e vi tudo seu exposto e escancarado diante minhas mãos que lhe pegavam e conferiam uma arte perfeita de olhos lindos, mãos de afago, cuidado delicado, cheiro inigualável, que ficaria impregnado por todo lado. Era tudo sobre você. Todo meu. Roubei uma parte de sua excitação. Adicionei junto ao coração pirraçado. Um coração sem seguro, açucarado. Vivi meia-hora. Não podia parar. Não podia. Não pude. Era dia de sorte. E aquele momento alto, alto, não, não sufocava de medo. Mas Clarice avisou “tenha cuidado, meu filho!”. Quatro dias depois veio Agosto. Acabou tudo, e nada mais. Lhe mato todos os dias, por ter me usado.