quarta-feira, janeiro 30, 2013

A COISA MAIS SINCERA!

A malignidade do mundo parou e me enchi de uma quantidade de ar que era necessária bem ali, e desnecessária para o resto de tudo. Foi o instante. O instante que balançou a Terra de forma quadrada como sempre se duvidara. mas não, aconteceu. Aconteceu quando olhei tua presença e meu corpo se cataleptizou, só havendo tempo de piscar e não entender - não tinha volta. Fiquei surdo e mudo involuntariamente, mas de olhos bem abertos graças à generosidade do estado do corpo, que me levou perto do estado do inefável, encarando-te incrédulo. Despi a alma e, com uma entrega feroz e irrelutável, sabia que minha vida mudara irrefletidamente desde então - desde que vi teu rosto pasmo, casto e tranquilo no meio de todos os cordeiros da sexta-feira. Fiquei dias para digerir a sensação desconhecida. Aéreo setenta e duas horas por dia. Esperando no relógio do âmago quando começarias a fazer parte dessa minha vida - que já era ávida. Meus pelos tremeram como que quando cai um raio colerizado, assim que ouvi tua voz grave. Já tinha o coração condenado, quando tomaste minhas mãos para si, pousando-as em teu colo, me falando coisas de sentimento e temperatura. Não consegui ser eu. Aos poucos, passei a descobrir que não nos podemos pertencer e, que os versejos que faço pensando em ti não podem ser ditos. Não posso recostar tua cabeça em meu ombro, e acariciar tua pele de copo-de-leite perante os deuses. Não posso saber o que fazes, porque receio perguntar. Não posso saber se sofres. Posso olhar em seus olhos, mas não consigo. Então eu morro. Como uma criança se retrai. E fico alternando entre uma vida de espera e uma vida desesperada.   

sábado, janeiro 26, 2013

MATÉRIA INDECISA!


A cabeça quer tempo para pensar enquanto a vida explode em frequentes frenesis. A vida que avisa: não se sabe para o bem - por bem, se para o mal - por mal. Escolher e entender me deplora nos dias de variação de calor e expectativa, quando a tensão beija minha testa. Já penso que não sei se o dia terá salvação ou se vou querer salvá-lo. É só isso que penso, sem o mínimo discernimento, me sendo egoísta até, até depois. Procuro saber quanto custa a inconsequência, porque quero e preciso me deixar. Falhei.

O CORPO NÃO É UM BOTÃO!

O pavor perpassa pelo coração, circula pelo corpo hospedeiro e se instala respondendo ao estímulo externo inerente que alerta a vida resguardada, ainda com um pouco de intenção. Que sou é esse que sou? Sou que soa como um gato amordaçado pelo próprio osso que rói, e não sabe o que faz. Um sofisma atestado na mente. Esse terror cínico que Deus conforta - todo dia. O dia que que tem pressa e não tem pressa. É tudo na menor contagem de tempo possível - a hora decrescendo termina onde? A pele gela, e não mais o susto pasma cada fato que se personifica no rosto. Compreensão desgasta, complica. ,Infelizmente, o corpo não é um botão. 

sexta-feira, janeiro 18, 2013

O HOMEM DO SÉCULO XXI


O homem acuado, sem encostar os braços no para-peito de cimento, não se enerva com o calor da cidade fechada que não chove, não troveja, não. Não. Há outras razões que não glorificam a alma relapsa e involuntária. O homem cospe amor e inventa as mãos dadas enquanto espera o bonde do século XXI. Envolve seu corpo da mais pura graça e toma vida que não cabe dentro de si. Faz do castelo de carta seu imo e da paciência sua misericórdia. Acuado, reprova as paredes rachadas dali  tangenciando seu pensamento que não esse, iniciado há muito. Sedento por mundo, esnoba a felicidade aos poucos enquanto segura na corda meridional do que leva o ser, sem pensar se há, o que há. É o homem que se subverte, se ama sem brio. O homem que tenta fazer parte. O homem que se confunde até o fim. 

domingo, janeiro 06, 2013

O DOMINGO QUE NÃO SAI!


A pele tem o domingo que não sai de jeito nenhum. Enquanto o sol se discara por cada aposento, a mente já tem sua própria consciência e fervilha intempestiva para não sermos o que quisermos. Abrir o olho não quer dizer nada enquanto o coração não tiver o que vociferar. Negar estar vivo não é divino - o Paraíso foi fechado. O lado cognitivo pede o pé direito, o maxilar treme e quase arrebenta, a clavícula desendurece e endurece, os querubins começam a dormir, e ainda é o mesmo dia na Terra. O corpo é um vulto, e incomoda toda a parafernália pelo caminho até o banheiro. Não basta ficar de pé, tem que ficar de pé enquanto tudo na galáxia se derrapa, se esgueira, se são. Ser doce fica entalado na garganta e o resto vem num cuspe duradouro ao longo do dia. O dia santo, que se reprime, fica-se mais calado, e espera-se a recompensa bem merecida.