terça-feira, novembro 10, 2015

O MUNDO EM CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO!

Pisada forte em terra batida, zoada do reboliço da areia que se levanta, que faz fumaça e se aquieta em outro canto para gentilmente ceder lugar ao rastro onde passo. Em frente é só a vida que sonho ter, e é por isso que vim aqui, trazendo meu coração brega e desatinado, quase um terremoto no sertão de Canindé. Um vento bateu, veio uma zabumba de dentro: com os olhos amargados pelo suor, lhe vejo de longe na porta de casa, num canto da escada de quatro degraus, catando um pedaço de sombra às três da tarde e chupando uma manga espada para o tempo passar, enquanto olha os pingos do leite amarelo furando o chão. Nessa hora, penso em todas as vezes que voltei mas não tive coragem de seguir até o fim da estrada, e fui embora, matando nossas tardes de chamego sob o olhar de São José seguidas de café com macaxeira. Agora, vendo teus olhos esperançosos se dirigindo a mim, olho para trás uma última vez, vendo todo aquele mundo percorrido, e finalmente percebo que o único lugar em que existe vida é aqui, nesse sol, nessa cama, nisso que é seco e macio e depois escorre doido como o São Francisco.

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